20/02/2017

ESPERANÇA

Por: Tribuna de ACOPAIARA

As chuvas do final de semana trouxeram um pouco de alívio e esperança de dias melhores para o agricultor cearense.

Ponte de madeira foi arrastada pelas águas em Banabuiú (Fotos: Leila Márcia)
Na sexta feira o Ceará atingiu a média mensal de chuvas para fevereiro. Com as chuvas do sábado e domingo essa média foi ultrapassada. O mês de fevereiro já acumula uma média de 128mm, 10mm a mais que a média histórica para o mes. Desde 2012 não víamos tantas chuvas por aqui. De 2012 para cá os registros foram sempre abvaixo da média, o que ajudou a baixar a média. Veja:
2016 (53,2mm);
2015 (96,3mm)
2014 (91,9mm);
2013 (61,6mm).

É importante lembrar que mesmo ultrapassando a média para o mês, ainda estamos em um quadro muito crítico uma vez que em janeiro as precipitações foram muito abaixo do esperado. Além disso, a maioria dos reservatórios estavam totalmente secos e por isso precisam de um aporte de água muito maior para recompor suas reservas hidricas.

A  FUNCEME (Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos) está prevendo que até o final do mês deveremos alcançar os 140mm. Se isso se acontecer, asa condições ficam mais favoráveis para chuvas ainda mais abundantes em março. Segundo a FUNCEME, a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT), principal fonte de chuvas no Ceará durante a quadra invernosa, se matem numa posição favorável à continuidade das chuvas, mas deve se monitorada nos próximos dias. Ela se inclinou para cá, e isso é bom. Com o tempo ela pode a perder essa inclinação e com isso diminuir as chuvas, mas isso depende de fatores climáticos influenciáveis principalmente pela umidade e temperatura.

Nesta terça feira a FUNCEME divulgará o novo prognóstico para a quadra chuvosa no estado referente ao trimestre março/abril/maio. "Vamos utilizar um quadro mais recente porque ouve mudanças nas condições do oceano. O La Niña deixou de existir completamente. O Atlantico não está tão favorável à condição de chuvas intensas e estamos dependendo de respostas de alguns modelos para saber se continua a maior probabilidade de chuvas dentro da média ou se vai cair" Explica Raul Fritz, meteorologista da FUNCEME.

MAIORES CHUVAS EM MM
(DAS 7H DE SÁBADO ÀS 7 HORAS DE DOMINGO)
Cedro 45,00mm
Lavras da Mangabeira 42,00mm
Orós 42,00mm
Varzea Alegre 30,60mm
São Gonçalo do Amarante 28,00mm
Pacajus 26,00mm
Graça 26,00mm
Pacajus 26,00mm
Capistrano 25,00mm
Fortaleza 24,00mm

Acopiara não é acompanhada oficialmente pela FUNCEME, mas locais como São Paulino e Região do Solidão registraram chuvas em torno de 40mm conforme medição de populares.

PLANTIO
Onde a terra está mais molhada, como no Cariri, os agricultores já iniciaram o plantio das sementes de milho, feijão e sorgo. Nos municípios de Cedro e de Várzea Alegre, os produtores rurais já estão no campo, fazendo os primeiros cultivos. "A gente tem de aproveitar as primeiras chuvas, a umidade do solo", disse o agricultor João Mota, da localidade de Várzea da Conceição.

Em Várzea Alegre, o casal, Luís Gomes e Maria das Graças Gomes, iniciou o cultivo de um hectare de milho e feijão, na localidade de Olho D'Água. "Se continuar chovendo, a gente vai plantar arroz, que exige mais água. A maioria está esperando chover um pouco mais para plantar na próxima semana", disse.

Na região Centro-Sul, a distribuição das sementes do Programa Hora de Plantar será concluída hoje. Apesar das chuvas localizadas e reduzidas em Iguatu, os agricultores estão animados. "Agora, a terra já está com a umidade favorável na maioria das áreas de cultivo", disse o gerente regional da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ematerce), Joaquim Virgulino Neto. "Houve dificuldades de transporte por isso neste ano a entrega retardou um pouco mais", completou.

Os agricultores reclamam da redução de 50% da quantidade de semente de feijão, que é um dos grãos mais demandados. "O governo obteve dificuldade para comprar sementes selecionadas de feijão, por isso a oferta caiu em todo o Estado, na campanha deste ano", explicou Virgulino Neto.

MUDANÇAS
Além do clima ameno, a água voltou a correr em diversos rios. Em um deles, o Jaguaribe, a barragem das Pedrinhas, em Limoeiro do Norte, voltou a sangrar, transformando a principal atração turística daquela região, faltando apenas uma semana para o Carnaval. Não foi diferente em Banabuiú, no Sertão Central, no rio que corta o município e outros seis (Mombaça, Piquet Carneiro, Senador Pompeu, Quixeramobim, Jaguaretama e Morada Nova) e deságua no Jaguaribe. Logo abaixo da barragem do Açude Arrojado Lisboa, as máquinas estão trabalhando na formação de um piscinão, onde a população se concentrará durante o dia para brincar o Carnaval. Com a mudança meteorológica, o local ficará ainda melhor para os brincantes. Da quarta para a quinta-feira a situação era outra. Não houve registro de chuvas no Estado pela segunda vez no mês. Agora, as águas estão voltando a rolar, para a alegria de todos.

ACESSO INTERROMPIDO
As chuva do sábado, em Banabuiú, superiores a 150mm, conforme informações de moradores daquela cidade, encheram o rio homônimo, provocando os primeiros transtornos na região. Uma ponte de madeira, acesso improvisado da cidade à vila da Barra do Sitiá, foi arrastada pela correnteza. Os moradores ainda se esforçaram, tentado desbloquear o curso da água. Por volta do meio-dia do sábado, a estrutura não suportou a força do rio.

Na noite anterior, estudantes retornaram às pressas para aquela localidade, situada a 30Km do Centro da cidade. Havia receio de a ponte desabar. As chuvas começaram a se tornar mais frequentes ainda na sexta-feira. Apesar do transtorno, os moradores não ficaram isolados. Existe um acesso por estrada, pela localidade de Lagoa da Serra. A expectativa é de mais chuvas na região.
Na última terça-feira, o diagnóstico foi bem diferente. Conforme a FUNCEME, as precipitações acumuladas durante janeiro ficaram abaixo da média mensal, e causaram diferentes impactos nas regiões cearenses.

O último mapa do Monitor de Secas do Nordeste (MSNE) apontava discreta melhora para a região noroeste do Estado. A notícia só não chegou a ser positiva porque, no comparativo com o mapa do MSNE de dezembro de 2016, foi observada nas demais regiões a permanência dos graus mais severos de estiagem ou até o avanço da seca mais grave, como ocorreu no Baixo Jaguaribe.

Com a colaboração de: FUNCEME e Diário do Nordeste