08/04/2017

49% dos dessalinizadores do Ceará estão na região do semiárido do estado.

Por: Tribuna de ACOPIARA

O Estado concentra aproximadamente 50% dos equipamentos instalados em cidades do semiárido brasileiro.

Infográfico da distribuição dos dessalinizadores no CE.

Ter garantido pelo menos 40 litros de água limpa por dia para beber e cozinhar. Embora seja um direito, esse acesso continua restrito no semiárido brasileiro, sobretudo, em comunidades isoladas. Para tentar alterar esta situação e modificar a forma de abastecimento que é feita, em geral, por carros-pipas nestes territórios o Governo Federal lançou há mais de uma década o Programa Água Doce, que instala dessalinizadores em localidades pobres e afastadas e garante água potável. No semiárido brasileiro - que inclui os noves estados do Nordeste e Minas Gerais - a perspectiva é implantar 1.345 equipamentos do tipo. Destes, 450 já foram entregues, sendo 49,3% deles no Ceará, que no quinto ano consecutivo de seca conta com 222 dessalinizadores em 44 municípios.

No Estado, a gestão estadual, em parceria com a União, deu início ao Programa por volta de 2013. Nessa época, foi realizado o diagnóstico das comunidades que carecem desse tipo de alternativa de abastecimento. Dentre os critérios para ser escolhido estão: receber poucas chuvas, ter baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), ter altas taxas de mortalidade infantil e ser uma área suscetível à desertificação. Ao todo, segundo Secretaria de Recursos Hídricos (SRH), cerca de 8.900 famílias cearenses já são atendidas pelos equipamentos que filtram a água salobra e a transformam em potável. Outras 55 comunidades serão incluídas no Programa até a metade deste ano.

Cada localidade recebe um dessalinizador conectado a um poço. Esta espécie de chafariz tem capacidade de fornecimento variável que pode ser de 400, 800 ou 1.200 litros de água por hora. No Ceará, dos 222 sistemas implantados, 132 enquadram-se no primeiro modelo e outros 70 e 20 nos demais tipos, respectivamente.
O dessalinizador retira a concentração de sal das águas de poços artesianos tornando-a própria para co consumo.

Mudanças
"A realidade é diferente, porque antes dependíamos completamente de cisternas e carros-pipas. Hoje ainda tem moradores que resistem ao uso do dessalinizador, mas a maioria aceita", explica a agente de saúde, Susana Inácio Rodrigues, moradora da comunidade Carrapateiras, distrito do município de Tauá. No local, o equipamento foi ativado em novembro de 2016 e atende cerca de 20 famílias da área e outras 60 do entorno.

Após anos consecutivos de estiagem, são as cisternas e o dessalinizador as fontes de abastecimento da região. Neste sistema, o valor da água para os usuários, segundo o titular da SRH, Francisco Teixeira, é definido pela própria população, mas em geral, custa R$ 1,00 para cada 20 litros fornecidos.

Conforme as regras do Programa, a empresa que instala os dessalinizadores deve garantir a manutenção dos mesmos por um ano. Enquanto isto, a comunidade acumula o dinheiro cobrado pela água para depois utilizá-lo para manter a máquina.

Destaque
Em Fortaleza, ontem, o coordenador ambiental do Programa Água Doce do Ministério do Meio Ambiente, Renato Ferreira, participou de um evento na Companhia de Gestão de Recursos Hídricos (Cogerh), no Cambeba e ressaltou a celeridade do Ceará na execução do Programa. "A gestão entendeu a importância do tema para que o programa não pare na parte burocrática. Das 450 obras entregues, 222 são no Ceará", afirma.

O valores investidos em cada dessalinizador, segundo o representante do Ministério do Meio Ambiente são, em média, R$ 200 mil. Destes, cerca de R$ 150 mil para a obra, R$ 36 mil para o dessalinizador, R$ 10 mil para o diagnóstico e cerca de R$ 1 mil por mês para manutenção. Do total, 90% é pago pelo Governo Federal e o restante pelo Governo do Estado. "Em termos de saúde pública esse investimento é mínimo perto dos resultados que podemos ter por garantir o uso de água de boa qualidade".

Com a colaboração do Diário do Nordeste

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