Por: Tribuna de ACOPIARA
Fim das coligações tem alterado as estratégias dos pequenos partidos. Mesmo com queda nas candidaturas às prefeituras, MDB ainda tem o maior número de postulantes.
Mudanças como o fim das coligações nas eleições proporcionais, que passaram a valer neste ano, afetaram as estratégias dos partidos em todo país, em especial, no grupo das pequenas legendas. O número de candidatos a prefeito e a vereador lançado por esses partidos cresceu consistentemente quando comparado com os dados de 2016.
PSL - partido pelo qual o presidente Jair Bolsonaro foi eleito -, Avante, PRTB e Patriota registraram as maiores variações percentuais na quantidade de candidaturas a prefeito. Nesse grupo, aparece ainda o Novo, que teve apenas um candidato há quatro anos e agora terá 30.
Importante ressaltar que algumas siglas mudaram de nome desde 2016. PTN virou Podemos e teve o PHS incorporado; PT do B virou Avante; PEN virou Patriota; PMDB virou MDB; PSDC virou DC; PPS virou Cidadania; PR virou PL e o PRB virou Republicanos.
Ao contrário dos pequenos, partidos médios e grandes ou mais bem estruturados em todo país apresentam variações pequenas, alguns apresentando alta não tão expressiva ou queda. É o caso do MDB que, em 2016, registrou 2.382 candidatos a prefeito, e agora, segundo a última atualização feita no site do TSE na tarde desta segunda-feira (28), apresenta 1.935 candidatos – uma variação negativa de 18%. Ainda assim, o partido é o recordista em número de candidatos.
No caso das candidaturas a vereador, a variação foi de apenas 1%. O MDB teve 40.318 postulantes ao cargo e desta vez terá 40.819 – marca que também não é superada por nenhuma outra legenda no país.
O PT, por sua vez, apresentou crescimento de 24% no total de candidatos a prefeito. No caso de candidaturas para vereador, o Partido dos Trabalhadores registrou um aumento ainda maior, de 28%. O PSDB também teve variação, mas negativa. Há quatro anos, o partido concorreu com 1.757 candidatos a prefeito e agora serão, até o momento, 1.289 (uma variação negativa de 26%). No total das candidaturas a vereador, o PSDB apresenta queda de 7%.
Entre os pequenos, a variação no total de candidatos a prefeito foi de 384% para o PSL, seguido do Avante (260%) e PRTB (240%). Entre os candidatos a vereador, a variação para o partido Novo foi de 294%, seguido de PSL (100%), Avante (94%) e DEM (48%). Na avaliação do professor de ciência política da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Emerson Cervi, os partidos grandes e médios diminuíram, mas continuam relevantes no cenário. Para ele, o crescimento do PSL é explicado pela fidelidade partidária.
“O crescimento do PSL é explicado em boa medida pela lei de fidelidade partidária. Deputados eleitos em 2018 que comandam os diretórios estaduais e montam chapas municipais não puderam trocar de partido. Além disso, foi o partido com o segundo maior fundo eleitoral”, observa Cervi.
Assim como Cervi, o professor de ciência política da Universidade Estadual do Norte Fluminense (UENF) Vitor Peixoto concorda que o fim das coligações alterou as estratégias dos partidos. Mas, além da mudança das regras, outros fatores também podem ter contribuído para o crescimento do número de candidaturas dos pequenos partidos.
“Ainda que haja manutenção dos grandes partidos como principais legendas em número de candidatos, o aumento é mais expressivo justamente nas legendas que cresceram sob as asas do bolsonarismo. Seja por influência ideológica, seja por recursos financeiros, esses novos atores têm potencial para corroer as franjas do sistema como reflexos da política nacional e dos estados que foram arrastados pelo bolsonarismo como em Minas Gerais”, explica Peixoto.
Para Peixoto, uma das consequências do aumento do número de candidaturas será o crescimento dos “custos de decisão” do eleitor, isto é, o processo de decisão torna-se mais difícil quando há muito mais candidatos pedindo votos. Mas isso não significa necessariamente mais candidatos novos sendo eleitos porque, na dúvida, o eleitor poderá optar por aqueles que ele já conhece.
“O aumento abrupto do número de candidaturas tende a elevar o custo de decisão. Paradoxalmente, vem como consequência de uma regra que tenderá a diminuir o número de atores no médio prazo. Mas este aumento provavelmente trará consequências marginais, pois as estruturas partidárias e os recursos permanecem inalterados. Lançar muitos candidatos é um tratamento por compaixão na morte dos pequenos partidos: poucos sobreviverão e este aumento é apenas a última tentativa deles sobreviverem. Dificilmente teremos mudanças estruturais na configuração do sistema de partidos”, afirma Peixoto.
Com a colaboração do G1.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário